Neste dia, em 1996, morre David Mourão-Ferreira, professor, escritor e poeta português
Ternura
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
2 comentários:
Este belo poema de Mourão-Ferreira, é realmente uma Ternura!
Bela escolha, José.
Para quem jura a pés juntos não apreciar poesia, vê-se que sabe senti-la. Pudera! Com uma Poetisa na família...
Um beijinho e um fresco fim-de-semana.
Não juro nem jurei nada do que por aí se diz. É mera maledicência. Gosto de alguma mas não de toda a poesia, e a escolher esta não é prioritária. Isto sem prejuízo de haver poemas e autores que me tocam fundo.
1 bji. fresco
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